Luiz Antônio Viana

Textos e reflexões sobre sociedade, cultura e arte

Textos

Mandamentos e pecados

O mundo sempre gostou (e hoje talvez mais) de se dividir entre o Bem e o Mal. Deus e o Diabo. Pecado e Virtude. Certo ou Errado. Católicos e Protestantes. Flamengo e Fluminense. Bush e Bin Laden. Em função disso, julgou-se necessário explicitar mandamentos e indicar pecados.

Nesta entidade chamada empresa erros e acertos se repetem ao longo da história. Entre tais erros e tais acertos existem vários que, de tão comuns e encontradiços, constroem uma tendência. Em especial na área de mercado, existem os clássicos. Deles me valho para construir meu artigo de hoje, chamando-os...

OS DEZ MANDAMENTOS


  1. Amar o cliente sobre todas as coisas, ele é a razão do seu negócio.

  2. Não usar o nome do cliente em vão, oferecendo-lhe benefícios que não existem.

  3. Guardar qualquer dia onde bons negócios possam ser realizados. No que se refere a domingos e feriados, nossa vocação tende mais para os EUA do que para a Europa.

  4. Honrar pai ou mãe das boas idéias e das boas iniciativas. E obviamente recompensá-los adequadamente.

  5. Não matar as boas idéias, mesmo que haja a hipótese de não serem tão boas idéias.

  6. Não pecar de forma radical contra a castidade, permitindo-se somente apelar aos sentidos, ao appetite appeal, ao visual excitante, que constituem os pequenos e virtuosos pecadilhos da arte de vender.

  7. Não cobiçar as coisas alheias, exceto o mercado do concorrente.

  8. Não furtar, mas docemente seduzir os clientes dos outros, porque quem não tem competência não se estabelece.

  9. Não levantar falso testemunho, principalmente na forma de propaganda enganosa.

  10. Não cobiçar a mulher do próximo, a menos que seja uma ótima profissional do concorrente, caso em que vale também cobiçar o homem do próximo.


OS SETE PECADOS CAPITAIS

  1. Gula de querer mais do que se pode, em decorrência prestando um mau serviço.

  2. Preguiça de criar, conformismo com o quê sempre foi feito.

  3. Luxúria, gastando mais do que o necessário (empresas sérias são espartanas fora das crises. Nas crises, não é decisão, é contingência).

  4. Ira, tomando como pessoais coisas que têm que ser tratadas profissionalmente.

  5. Soberba, achando por exemplo que uma posição dominante no mercado pode durar para sempre sem um grande esforço para mantê-la.

  6. Inveja, a não produtiva, aquela que consome e não estimula.

  7. Avareza, relutando em dar aos empregados a sacrossanta participação nos lucros.


Não creio que esses sejam nem de perto todos os mandamentos nem principalmente todos os pecados. Mas se Ele usou dez para os mandamentos é porque deve ser um bom número. Quanto aos pecados, bem, a humanidade ainda se esmera para ampliar seu espectro...

 
Artigo originalmente publicado em Valor Econômico, 21/01/2002

Conteúdo

Artigos publicados na imprensa do Rio de Janeiro e São Paulo, no Valor Econômico, O Globo, Jornal do Brasil, O Estado de São Paulo e Jormal do Commercio, e nas revistas Exame e Bravo, dentre outras.

 

Termos de uso  •  Contato