Textos
Mandamentos e pecados
O mundo sempre gostou (e hoje talvez mais) de se dividir entre o Bem e o Mal. Deus e o Diabo. Pecado e Virtude. Certo ou Errado. Católicos e Protestantes. Flamengo e Fluminense. Bush e Bin Laden. Em função disso, julgou-se necessário explicitar mandamentos e indicar pecados.
Nesta entidade chamada empresa erros e acertos se repetem ao longo da história. Entre tais erros e tais acertos existem vários que, de tão comuns e encontradiços, constroem uma tendência. Em especial na área de mercado, existem os clássicos. Deles me valho para construir meu artigo de hoje, chamando-os...
OS DEZ MANDAMENTOS
- Amar o cliente sobre todas as coisas, ele é a razão do seu negócio.
- Não usar o nome do cliente em vão, oferecendo-lhe benefícios que não existem.
- Guardar qualquer dia onde bons negócios possam ser realizados. No que se refere a domingos e feriados, nossa vocação tende mais para os EUA do que para a Europa.
- Honrar pai ou mãe das boas idéias e das boas iniciativas. E obviamente recompensá-los adequadamente.
- Não matar as boas idéias, mesmo que haja a hipótese de não serem tão boas idéias.
- Não pecar de forma radical contra a castidade, permitindo-se somente apelar aos sentidos, ao appetite appeal, ao visual excitante, que constituem os pequenos e virtuosos pecadilhos da arte de vender.
- Não cobiçar as coisas alheias, exceto o mercado do concorrente.
- Não furtar, mas docemente seduzir os clientes dos outros, porque quem não tem competência não se estabelece.
- Não levantar falso testemunho, principalmente na forma de propaganda enganosa.
- Não cobiçar a mulher do próximo, a menos que seja uma ótima profissional do concorrente, caso em que vale também cobiçar o homem do próximo.
OS SETE PECADOS CAPITAIS
- Gula de querer mais do que se pode, em decorrência prestando um mau serviço.
- Preguiça de criar, conformismo com o quê sempre foi feito.
- Luxúria, gastando mais do que o necessário (empresas sérias são espartanas fora das crises. Nas crises, não é decisão, é contingência).
- Ira, tomando como pessoais coisas que têm que ser tratadas profissionalmente.
- Soberba, achando por exemplo que uma posição dominante no mercado pode durar para sempre sem um grande esforço para mantê-la.
- Inveja, a não produtiva, aquela que consome e não estimula.
- Avareza, relutando em dar aos empregados a sacrossanta participação nos lucros.
Não creio que esses sejam nem de perto todos os mandamentos nem principalmente todos os pecados. Mas se Ele usou dez para os mandamentos é porque deve ser um bom número. Quanto aos pecados, bem, a humanidade ainda se esmera para ampliar seu espectro...
Artigo originalmente publicado em Valor Econômico, 21/01/2002
Conteúdo
Artigos publicados na imprensa do Rio de Janeiro e São Paulo, no
Valor Econômico, O Globo, Jornal do Brasil,
O Estado de São Paulo e Jormal do Commercio, e nas
revistas Exame e Bravo, dentre outras.