Luiz Antônio Viana

Textos e reflexões sobre sociedade, cultura e arte

Textos

Perguntas que não querem calar I

Belo e pomposo título, já utilizado em filme. Mas vale assim mesmo. Senão vejamos. Por que...


  1. Quando um jornal ou revista publica uma notícia falsa todo mundo lê e quando o desmentido é publicado, no mesmo local e no dia seguinte, ninguém parece ler?

  2. Os garçons da maioria dos restaurantes, mesmo os pretensamente sofisticados, não conseguem entender que seu atendimento tem que ser feito na medida certa, nem de mais, nem de menos ? A opção a deixar o cliente esperando horas para fazer o pedido ou receber a conta não deve ser aquele atendimento sufocante que faz com que nos sintamos como personagens de Woody Allen, com os prestativos rapazes interrompendo conversas confidenciais ou delicadas para encher um prosaico copo d'água que mal está pela metade.

  3. Certas pessoas, políticos ou pilotos de corrida, por exemplo, parecem não considerar a idéia de que às vezes é melhor ser cabeça de formiga que ser bumbum de elefante? Querem exemplos? Não vou dar, é delicado.

  4. Um prêmio é concedido a uma agência de publicidade e a uma companhia de telefonia pelo melhor anúncio do ano em 2000 e ninguém do júri, formado por publicitários, percebe que o tal anúncio é cópia de uma campanha feita por uma grande rede de supermercados em 1994? O que podemos chamar de O Caso do Caro Concorrente ou O Caso do Plagio Premiado.

  5. Não se usam mais aqueles programas que eram distribuídos nos cinemas, mostrando os filmes a serem exibidos no futuro e os filmes exibidos em outros cinemas do mesmo distribuidor? Tremenda ferramenta de marketing e um ótimo veículo, certamente auto-sustentável por publicidade de terceiros.

  6. Não copiamos (direito, é claro), os deliciosos anúncios dos quiosques de Paris, de muito mais bom gosto do que os triviais outdoors?

  7. Não sabemos fazer trailers? Os americanos transformam qualquer filme, por mais vagabundo que seja, em um trailer maravilhoso, com um ritmo que o filme mesmo jamais imaginou ter. E nós? Ao contrário, nossos trailers em geral desvalorizam o filme. Por que será? Será porque os trailers deveriam ser feitos por publicitários e não cineastas?

  8. Quando você tem mais pressa em escutar as mensagens no seu celular a caixa postal parece adivinhar e ai a gravação fala mais devagar, sua senha não é aceita a não ser na terceira tentativa? Será uma conspiração dos vendedores de calmantes?

  9. As consultorias, particularmente as grandes, nunca mandam para fazer o serviço nos seus clientes os mesmos maravilhosos profissionais que eles mandam para vender o serviço?

  10. Ninguém falou (pelo menos eu não vi ou ouvi), que Beleza Americana era Nelson Rodrigues adaptado à "gringolândia" e falado em inglês?

  11. Marca própria no Brasil não foi ainda entendida como forma de vender produtos de qualidade sem o peso de marca (e, portanto, mais barato) e não como um produto inferior (e, portanto, de menor custo)?


Muitas outras perguntas há. Ajude o articulista. Mande as suas.

 
Artigo originalmente publicado em Valor Econômico, 15/04/2002

Conteúdo

Artigos publicados na imprensa do Rio de Janeiro e São Paulo, no Valor Econômico, O Globo, Jornal do Brasil, O Estado de São Paulo e Jormal do Commercio, e nas revistas Exame e Bravo, dentre outras.

 

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