Luiz Antônio Viana

Textos e reflexões sobre sociedade, cultura e arte

Textos

Brincadeira de criança

Não é de hoje que marketing pessoal é um tema momentoso. É assunto da moda, sempre, pois, afinal, mexe com os interesses e ambições de todos nós. Todo mundo faz marketing pessoal, em maior ou menor escala. Consciente ou inconscientemente. Tentamos ser sedutores com nossos pais, patrões, chefes, namoradas, amigos e chamar a atenção para nossas excelsas virtudes. Num grau razoável, isso é legítimo, normal e adequado.

Em alguns setores da atividade humana, no entanto, o marketing pessoal é um must . Para artistas, atletas, médicos, executivos e alguns outros, last but not least os políticos, a atividade de promoção pessoal é parte importante do dia-a-dia. De novo, isso é reconhecido como natural e necessário. E não é pernicioso até o momento em que atinja os limites, digamos, do marketing pessoal alheio.

Diz um ditado chinês que a felicidade é como uma borboleta. Você a persegue desesperadamente sem conseguir alcançá-la. Quando você desiste, ela às vezes vem mansamente pousar no seu ombro. Ditado sábio, como soem ser os ditados chineses.

Bom, em termos de vida profissional todos queremos o sucesso. E o perseguimos como querendo alcançar a borboleta da felicidade. Às vezes até como mais ardor e entusiasmo, mesmo que não tenhamos consciência disso.

E o que é o sucesso? Para a maioria, sucesso é sermos reconhecidos como vencedores e competentes. Sucesso para um político é voto, mensurável facilmente.

E o marketing pessoal ajudará no sucesso? Sem dúvida. O problema é que, como sabemos das lições extraídas do futebol, o jogo só para a arquibancada não é produtivo. É preciso gols, vitórias, é necessária uma realidade por trás da promoção. Assim, o marketing tem que ser precedido de dois ingredientes básicos: trabalho e esforço. Mas não bastam os dois. Outros ingredientes indispensáveis são os seguintes:


Paciência
Indispensável aos políticos e aos bons pilotos de Fórmula 1;

Ousadia
Fundamental na vida, em qualquer campo, o erro é sempre melhor que a omissão, só vence quem ousa;

Persistência
Nada é fácil e tudo será cada vez mais difícil num mundo globalizado e competitivo;

Universalidade
As pessoas de visão estreita e paroquial, os antolhados, os quadrados, serão em breve espécies em extinção;

Liderança
A maior carência mundial desta segunda metade do século, diferença fundamental entre o sucesso e o fracasso de países, empresas e times de futebol;

Agressividade
No sentido construtivo, para agredir mercados e problemas cruciais de uma comunidade ou de um país;

Racionalidade
Outra matéria-prima escassa, particularmente em povos mais incultos. Não confundir com acomodação;

Intuição
Fator cada vez mais importante e apreciado na avaliação de executivos. Não é à toa aliás que as mulheres cada vez mais se destacam no cenário profissional, elas estão aliando à sua notória intuição uma série de outras competências;

Decisão
Ora, ora, todo mundo acha que é fácil decidir até que tem que e aí... o bicho pega;

Autoridade
Característica essencial, confundida nas repúblicas de banana e nas empresas neuróticas com autoritarismo;

Determinação
Para exercer a autoridade;

Empatia
Para entender os nossos colegas seres humanos, complicados como nós o somos, e enxergar o que eles têm de melhor, e ser solidários com seus sofrimentos e prazeres.

E agora vem a brincadeira de criança (estavam curiosos, não?) a que o título se refere. Uma simples lousa de bê-á-bá, com os ingredientes que mencionamos acima. A resultante parece interessante, ao contrário do que alguns poderiam supor ou depreender.


P aciência
O usadia
P ersistência
U niversalidade
L iderança
A gressividade
R acionalidade
I ntuição
D ecisão
A utoridade
D eterminação
E mpatia


 
Artigo originalmente publicado em Valor Econômico, 24/07/2000

Conteúdo

Artigos publicados na imprensa do Rio de Janeiro e São Paulo, no Valor Econômico, O Globo, Jornal do Brasil, O Estado de São Paulo e Jormal do Commercio, e nas revistas Exame e Bravo, dentre outras.

 

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